Publicado em 31 de janeiro de 2006, no caderno Informática & Tecnologia do Jornal de Brasília
A chamada convergência das mídias já está acontecendo e talvez você nem tenha notado. A necessidade de informação da era atual exige que você esteja sempre atualizado com o que acontece no mundo. Não é a toa que o governo esteja discutindo a era da televisão digital no Brasil. A nova tecnologia permite que você tenha mais do que um programa sendo exibido: a televisão agora mostra notícias e produtos relacionados e até transporta informações para o celular ou para o e-mail. No entanto, para que toda essa parafernália tecnológica funcione da forma que nós vemos nos filmes, não basta investir em equipamentos e tecnologia. É aí que a interoperabilidade entra.
O termo “interoperabilidade” descreve a capacidade de diferentes equipamentos ou programas de computador, os softwares, de se comunicarem. No caso de softwares, a informação deve ser trocada através da mesma regra de negócio, no mesmo formato de arquivo e utilizando o mesmo protocolo de comunicação. A falta de interoperabilidade indica que o equipamento não foi criado sobre nenhum padrão.
A interoperabilidade, no entanto, é mais uma questão de organização do que uma questão técnica. Primeiramente, é preciso saber se os usuários do equipamento ou do software estão prontos para sua utilização ou se precisarão de um treinamento prévio. Em segundo lugar, é necessário checar se há interesse dos clientes no compartilhamento das informações. E, finalmente, ter certeza se a empresa está preparada para prover um serviço de qualidade, não de quantidade, com equipamentos e módulos interoperáveis.
A convergência das mídias traz conseqüências interessantes no mercado. A TIM, operadora de telefonia celular, já dispõe de conteúdo de programas de televisão (Globo, “Cartoon Network”, “Snoopy”, etc) na tela do celular. Já o Google está iniciando o serviço de pay-per-view pela Web, onde será possível adquirir programas de televisão pela Internet. Entre os canais disponíveis, estão a NBA, com a transmissão de jogos de basquete, e a CBS, que adicionará séries de televisão (como “CSI”, “I Love Lucy” e alguns Reality Shows), além de filmes como “Star Trek” e “MacGyver”. Na área da informática, a Microsoft e o Yahoo! prometem que seus respectivos Messengers sejam interoperáveis, ou seja, os usuários podem se comunicar nas duas redes, inclusive via celular.
A transmissão de informações multimídia no celular não é novidade. Em 2005, os Podcasts fizeram um enorme sucesso. As agências de notícia publicam seu conteúdo no formato MP3 e os programas de Podcast automaticamente fazem o download e enviam para o iPod ou para o celular, de forma que o usuário possa ouvir as notícias no caminho do trabalho. Já no Japão, é possível fazer o download de toques e ringtones para o celular, bastando apontá-lo para o aparelho de som que está reproduzindo a música.
As tecnologias sem fio têm cooperado ainda mais na interoperabilidade de equipamentos. O Bluetooth, por exemplo, pode ser usado para muitas funcionalidades, além do fone de ouvido sem fio para celular. É possível transferir músicas, fazer conexão com a Internet sem fio entre computadores ou mesmo ligar uma rede pessoal. A tecnologia Bluetooth ainda consome pouca energia, o que favorece seu uso no aparelho celular. A Nokia prevê o aumento de 65% de aparelhos equipados com Bluetooth. Já a Motorola está lançando um óculos de sol, batizado de “O ROCKR”, que recebe músicas ou ligações telefônicas, tudo via Bluetooth.
A convergência das mídias é um passo extraordinário para a evolução das tecnologias. A implantação de serviços de comunicação vai iniciar importantes segmentos no mercado de mídia interativa. As empresas que criam equipamentos e softwares devem estar atentas aos padrões e fazer as parcerias necessárias para que, ao invés de dificultarem, possam facilitar a comunicação entre as pessoas, onde quer que elas estejam.